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- Governo resgata tigres explorados em famoso templo na Tailândia
Postado Por : Dom Ruiz
segunda-feira, 13 de abril de 2015
VITÓRIA
Foto: Divulgação
Após uma série de acontecimentos dramáticos, o diretor geral Nipon Chotiban, do Departamento de Parques Nacionais (DNP) da Tailândia, ordenou que todos os tigres devessem ser removidos dos templos de tigres até o final deste mês. Esta é uma grande notícia para os conservacionistas da fauna selvagem e ativistas dos direitos animais do país, que têm lutado por mais de 15 anos para fechar tais instalações, principalmente depois de inúmeras denúncias de abuso e comércio de animais silvestres. As informações são da One Green Planet.
Há muita indignação na internet sobre o caso, muitas pessoas estão questionando a ética e a moral desses “líderes religiosos” que na verdade estão aproveitando uma demanda estável e rentável de turistas que pagam até US$180 dólares para tirar uma selfie com esses tigres cobiçados. Um desejo narcisista de fazer parte de um espetáculo bizarro e cruel que vem sendo involuntariamente alimentado pela imprensa popular e celebridades influentes.
O abuso dos Tigres graças à “indústria dos selfies”
Não é por acaso que o número de visitantes e a população de tigres nos templos da Tailândia tem aumentado exponencialmente após a transmissão de uma série de documentários gravados em 2002, saudando o trabalho dos monges no templo como uma abordagem alternativa e espiritual para a conservação, ignorando qualquer possibilidade de que estes animais estejam sendo usados como escravos para o lucro humano. Os produtores retratam monges como cuidadores compassivos que são forçados a cobrar taxas de entrada devido ao aumento nos custos para a manutenção dos animais. É fácil entender como tantos visitantes do templo são levados a crer que eles estão realmente ajudando os tigres e, sem saber, acabam prejudicando os esforços de resgate do governo.
Celebridades e suas incríveis riquezas, rodeados de acesso e informação, nem sempre usam todo esse potencial a favor do bem-estar dos animais. Basta olhar para um artigo recente da BBC que lista 50 razões para amar o mundo. O número 28 apresenta um Steven Tyler posando ao lado de um tigre tailandês. Ainda mais preocupante é que, por ser uma respeitada publicação, isso poderá deixar espaços abertos para casos ainda piores.
A ignorância é chocante, ao que parece, todos eles acham estar extremamente bem informados. Não ajuda em nada quando pessoas que têm mais poderes de influenciar a opinião pública continuam a abraçar tigres e elefantes nesses passeios de férias exóticas. Uma pesquisa mostra que 60% dos jovens copiam os atos de suas celebridades favoritas.
O fim da exploração animal
Não há muito tempo, depois de muita luta, a grande maioria das pessoas hoje acredita que manter animais em circos ou em zoológicos seja inaceitável, mas em lugares como a Ásia, onde o negócio de carnes exóticas como as de elefantes e outros animais ainda são negociadas, nos fazem refletir, a inegável afirmação que a educação é necessária e essas práticas cruéis precisam parar. Da mesma forma que a imprensa precisa parar – e repensar – sobre a atitude de exaltar e promover essa obsessão terrível de pessoas tirando selfies com animais selvagens.
“O templo de tigres da Tailândia é o coração da vida animal selvagem, essa tendência infeliz de selfies com esses animais, surgida nos últimos anos, nos faz pensar ser a hora exata das pessoas saberem a verdade”, disse Nil Zacharias, co-fundador e editor chefe da One Green Planet . “Apesar das alegações de que os monges estão preocupados com o bem-estar dos animais e estejam voltados à conservação e trabalhos de resgate, nós da One Green Planet, temos escrito em artigos no ano passado, expondo a verdade cruel por trás dessa terrível atração turística. Estamos satisfeitos com este passo positivo e aplaudindo o trabalho dos grupos de direitos de conservação dos animais que lutaram por anos para fechar este lugar.”
O confisco dos tigres do templo é realmente uma grande notícia. Ela deve servir como um marco para todos, especialmente a imprensa, em assumir a responsabilidade e educar-se antes de glamurizar a exploração de animais silvestres.
Os seres humanos não possuem e não devem possuir animais silvestres. Os animais selvagens não são animais de estimação ou mascotes de empresa, tampouco servem como exposição em jardins zoológicos ou trabalhadores de circo. Eles não são produtos para manter giro de dinheiro, muito menos comida exótica. Os animais selvagens – assim como qualquer outro animal – são seres sencientes que têm o direito de ser livres de toda a ganância humana.