- Inicio >
- Presença humana na Antártida pode aumentar riscos de doenças em pinguins
Postado Por : Dom Ruiz
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
ESPÉCIE VULNERÁVEL
Uma ida para a Antártida pode não ser a viagem dos sonhos da maioria das pessoas, mas está na lista de muitos que desejam caminhar por lá. Enquanto esses turistas se ocupam de explorar o cenário e cumprimentar os pinguins que lá vivem, os cientistas estão cada vez mais preocupados quanto ao fato dessa exposição aos humanos poder aumentar o risco desses animais em contrair doenças infecciosas. As informações são da Care2.
Cientistas e especialistas em doenças acreditam que o sistema imunológico dos pinguins, e os de outras espécies da região, são menos hábeis para lidar com agentes patogênicos comuns no resto do mundo, pois eles estiveram isolados no local por muito tempo, com pouquíssimos visitantes.
Desde que o ser humano pisou na região pela primeira vez, há cerca de 200 anos atrás, sua presença continuou aumentando progressivamente. De acordo com a International Association of Antarctica Tour Operators, só na estação entre 2013 e 2014, 37.000 turistas estiveram lá, muito mais que os estimados 8.000 de duas décadas atrás.
“Os efeitos de uma indústria de turismo em expansão e da presença de pesquisadores não deixarão de ter consequências”, disse Wray Grimaldi, da Universidade de Otago em Dunedin, Nova Zelândia, ao New Scientist. “Pinguins são altamente suscetíveis a doenças infecciosas”.
Grimaldi, que é líder de um novo estudo publicado no jornal Polar Biology a respeito desta questão, baseou a conclusão parcialmente em estudos feitos em pinguins cativos dos anos 50 que se descobriu estarem vulneráveis a diversas doenças incluindo a Salmonella, E. coli, e os vírus West Nile e aviário.
Na natureza, o vírus aviário causou a morte em massa de estimados 400 pinguins Gentoo, uma das quatro espécies de pinguins da Antártida, em 2006. Isso foi seguido por outro surto de mortandade em massa, dois anos depois. Cientistas observaram que algumas doenças podem ter sido levadas por aves migratórias, mas suspeitam de que os humanos também são responsáveis.
A possibilidade de uma epidemia também soma-se às ameaças que os pinguins enfrentam atualmente como resultado do aquecimento global e do aumento da população humana. Portanto, os turistas adicionam-se à equação, mas não são os únicos portadores da responsabilidade pelos riscos que podem impactar a sobrevivência desses animais.
Como o estudo cita, “a poluição, o aumento da conectividade, e as alterações do meio ambiente global que afetam agentes patogênicos e vetores em altas latitudes são suscetíveis a conduzir a emergência de futuras doenças nesta região”.
Alterações no clima, que já se acredita serem a principal ameaça para a sobrevivência futura dos pinguins, também deverão resultar em mais espécies chegando à área, e que podem, além de potencialmente carregar doenças com elas, tornar os pinguins mais vulneráveis, afetando sua saúde em geral por alterar seu habitat e impactar na disponibilidade de fontes de alimento das quais eles dependem.
“A mudança climática pode resultar em um número de fatores de estresse que farão com que as populações de pinguins tenham mais dificuldade para lidar com as doenças”, explica Claire Christian, da Antarctic and Southern Ocean Coalition.
Os autores do estudo esperam que maiores esforços de monitoramento sejam tomados para a vigilância das doenças infecciosas em pinguins que vivem na Antártida conforme nós humanos aumentamos a nossa presença no local e as alterações climáticas continuam a se acelerar, e que as nações envolvidas no Tratado da Antártida coloquem medidas de proteção em ação.