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Postado Por : Dom Ruiz sábado, 25 de abril de 2015

CHOQUES ELÉTRICOS

O grupo Londrina Sem Rodeio entregou à Câmara de Vereadores de Londrina imagens que mostram animais sendo agredidos durante o rodeio realizado no último fim de semana na ExpoLondrina. As provas de maus-tratos a bois e touros também serão entregues à Promotoria de Meio Ambiente.
Com os flagrantes trazidos a público, o grupo espera colocar Londrina fora do mapa dos rodeios, junto com 50 cidades brasileiras em que leis municipais e ações judiciais proíbem a realização destes eventos. A Lei de Crimes Ambientais pune agressões a animais com detenção de 1 ano a 3 anos, além de multa.
Em foto do grupo, peão segura espécie de teaser elétrico, proibido em leis federais, enquanto aguarda para "preparar" os animais para pular na arena (Foto: Reprodução/Londrina sem Rodeios)
Em foto do grupo, peão segura espécie de teaser elétrico, proibido em leis federais, enquanto aguarda para “preparar” os animais para pular na arena (Foto: Reprodução/Londrina sem Rodeios)
Segundo integrantes do grupo, as imagens foram gravadas no último dia da etapa de Londrina do Professional Bull Riders (PBR), realizada na arena do Parque de Exposições Ney Braga. As fotos e vídeos estão armazenados na comunidade “Londrina sem rodeios”, no Facebook.
Em um dos vídeos já disponibilizados na internet, com cerca de três minutos de duração, peões aparecem “preparando” animais para entrar na arena. Um deles, tem um bastão que serve, aparentemente, para espetar os bois. Outro peão também carrega um bastão metálico, de um metro, com o qual bate na cabeça dos animais que esperam para ser montados.
Em um outro flagrante, um peão está sentado na área de “preparo” dos bichos com um bastão amarelo que, afirmam os ativistas, é usado para dar choques e estressar os bois para a competição. O uso de choques em animais em rodeios também é proibido por lei federal.
 (Foto: Reprodução/Londrina sem Rodeios)
(Foto: Reprodução/Londrina sem Rodeios)
Puxões pelo rabo
Outras cenas mostram os peões, repetidamente, puxando os rabos dos animais, de forma agressiva, por entre as barras de ferro do cercado, onde os bichos estão confinados.
“As agressões não são escondidas. Gravei tudo a menos de dois metros da arquibancada onde eu estava”, diz a ativista responsável pelos flagrantes, sem se identificar por medo de ameaças.
“Inicialmente, pensava que os animais eram provocados apenas momentos antes de entrar. Mas os maus-tratos são constantes: vi animais sendo agredidos por três horas seguidas, das 19h às 22h, até entrarem”, conta.
“Ficam horas confinados, sendo torturados sem parar. Não tem respiro: recebem pontapés na cabeça, choques, esporadas, são espetados com hastes com ganchos na ponta. Além disso, aguardam perto das caixas de som com volume altíssimo e se assustam com os fogos de artifício. Chocante”, disse a testemunha, que após 3 horas de gravações decidiu parar “porque não suportava mais ver aquilo”.
De acordo com a ativista, o grupo cogitou utilizar um drone para chegar perto da área dos animais – mas desistiu ao perceberem que os maus-tratos eram praticados muito próximos à plateia. “Com vários veículos de comunicação e repórteres ali, ninguém se interessava por isso”, lamentou.
Enquanto faziam as imagens, o grupo foi abordado por um homem que se identificou como tutor de parte dos animais. “Ele nos exigiu que parássemos a gravação, mas despistamos e seguimos. Não podíamos desistir de obter provas que nos dessem certeza para afirmar: há maus-tratos no rodeio e o público não tem ideia do que acontece para existir todo aquele show e euforia”, diz. “É a crueldade a um palmo dos nossos narizes”.
Vereador avalia propor um projeto para dar fim aos rodeios
O grupo esteve com o vereador Fábio Testa (PPS), presidente da Câmara, que se disse estarrecido com o material revelado: “Queremos saber se essa é a praxe dos rodeios em Londrina. A sociedade terá que tomar uma decisão, pois outros municípios aboliram os maus-tratos e os rodeios. Imaginar que aqueles animais levam choque é preocupante, estarrecedor. Onde estamos indo?” diz o vereador.
A partir do material, Testa avalia propor um projeto para dar fim aos rodeios em Londrina. “É um debate longo. Os rodeios fazem parte da realidade cultural de Londrina, mas não há como admitir maus-tratos. A era medieval acabou e não é cabível maus-tratos em um festejo popular tão bonito com a nossa feira”.
Para o vereador, as imagens “são fortíssimas e não podem ser desprezadas”. Além disso, diz, “configuram práticas abusivas que caminham para o crime de maus-tratos a animais”.
Para Bruna Ontivero, representante do grupo Londrina Sem Rodeio, a violência contra animais não pode ser considerada como traço cultural do interior: “A violência não é cultura do sertanejo. Temos provas suficientes para Londrina abolir esse tipo de situação”, acredita. “No Paraná, nenhuma cidade, até agora, proibiu rodeios. Londrina pode ser pioneira”, afirma.
Em Maringá, flagrantes semelhantes na ExpoIngá, em 2014
Em Maringá, o grupo Maringá Vegano também luta contra os rodeios na cidade. Em um vídeo gravado em 17 de maio de 2014, segundo eles durante a feira agropecuária, peões são mostrados em práticas semelhantes às flagradas em Londrina: puxões pelo rabo, socos, tapas, chutes e objetos pontiagudos são usados contra os animais que vão entrar na arena. Os bastões amarelos, de choques, também são visíveis.
Um dos bois, assim que solto para a arena, parece desorientado, está confuso e baba após derrubar o peão. Segundo o grupo, sintomas das agressões sofridas “para garantir o show”. As imagens da ExpoIngá estão no You Tube.

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