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- Ambientalistas repudiam intenção de exploração de diamantes na reserva da Palanca Negra em Angola
Postado Por : Dom Ruiz
terça-feira, 5 de março de 2013
Uma fonte da Angop disse hoje, terça-feira, que este projeto já começou a criar uma discórdia, não só por parte dos ambientalistas e biólogos, como nos populares que vivem nas cercanias que foram anunciadas, com o receio de serem desalojados.
“ A área de concessão do projeto está toda dentro da Reserva Natural e Integral do Luando, onde estão as últimas manadas de Palancas Negras Gigantes”, disse a fonte.
Acrescentou que este projeto poderá causar um aumento da pressão sobre os animais, devido a destruição e perturbação do seu habitat, além do incentivo a caça furtiva e circulação de pessoas no local.
Segundo a fonte, o projeto não deve ser possível à luz da legislação ambiental em vigor no país, visto que não reflete o compromisso do Estado tal como descreve no ponto 2 do Artigo 39º da Lei Constitucional da República de Angola.
A implementação de um projeto desta dimensão numa das mais importantes reservas naturais do país pode abrir um excedente extremamente negativo e com eventuais consequências para todo a rede de áreas protegidas nacionais, podendo resultar na aprovação de ações de desenvolvimento de género em outras zonas verdes.
Realçou que a Reserva Integral do Luando é a única área de conservação em Angola que está no Anexo I da União Mundial para Conservação da Natureza (UICN), da qual Angola faz parte.
“O Anexo I é o mais importante e restrito e impede o desenvolvimento de quaisquer tipos de atividades de desenvolvimento, indústrias e turísticas, sendo apenas permitido a proteção da biodiversidade e investigação científica”, lembrou.
Desta feita, para o responsável, a empresa responsável que autoriza a exploração e extração de minério deve primar pelo conjunto dos dez (10) princípios ambientais nos contratos que assina com os seus parceiros, como importante instituição nacional do país e membro signatário do Memorando de Entendimento para a preservação da Palanca Negra Gigante.
Interrogado caso o projeto avance, a fonte advertiu que efeitos negativos poderão surgir como uma agitação e movimentação de repúdios que terá reflexos não apenas a nível nacional como internacional.
A Palanca Negra Gigante, além de ser o símbolo nacional conhecido por todos os angolanos, é também um animal em ameaça de extinção.
Atualmente se estima não existirem mais do que 100 animais e com o seu núcleo principal localizado na área Centro e Norte da Reserva do Luando.
Sob coordenação do Ministério do Ambiente, têm sido, desde 2003, desenvolvido, com o apoio de diferentes parceiros, projetos para proteger a Palanca Negra Gigante nas suas áreas de origem, no contexto do Projeto de Conservação da Palanca Negra Gigante.
Entre 2009 a 2011 foram realizadas operações de capturas que decorreram nas duas áreas de conservação da Palanca Negra Gigante, nomeadamente no Parque Nacional da Cangandala e na Reserva Integral do Luando.
As referidas operações permitiram a marcação de mais de 50 animais, sem se registar morte ou lesão de qualquer.
Com esta ação foi possível criar o Santuário da Palanca Negra Gigante no Parque Nacional de Cangandala, onde estão confinados 24 animais, oito dos quais nasceram neste local.
Assim, os ambientalistas e biólogos de Angola, assim como especialistas internacionais trabalham na proteção deste animal, além do controle da sua reprodução e das investigações científicas.