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Postado Por : Dom Ruiz
quarta-feira, 22 de julho de 2015
Não é raro atendermos na clínica um cão “latidor”
Foto Meramente ilustrativa: Divulgação
Não é raro atendermos na clínica um cão “latidor”. Já na sala de consulta ele
não cala a boca, tornando difícil, inclusive, o diálogo com o cliente. Algumas
raças têm inerente em seu DNA os latidos excessivos, porque há várias gerações
são selecionadas para dar o aviso de que encontraram uma presa ou de que alguém
se aproxima. Mesmo assim, este é um dos problemas de comportamento mais comuns,
muito presente na rotina da clínica. Trata-se de um assunto tão sério, que até
a Cordectomia é considerada em alguns casos, por clientes e profissionais desinformados.
Os latidos são uma forma de comunicação
entre os cães.
É um meio de interagirem entre eles e com o meio externo. O principal motivo
pelo qual os cães latem é para defender seu território e
para demarcar suas fronteiras. Os vira latas sem dono raramente o fazem, já que
não têm um “endereço fixo” para defender e estão sempre em movimento. Uma vez
adotados, guardam seu lar como qualquer outro cão:
latindo.
O dono do cão sempre reconhece os diferentes latidos
para diferentes situações. O som emitido para pedir comida ou entrar em casa é
um; enquanto o aviso de intruso é outro. Apesar dos lobos selvagens latirem, se
confinados, para defenderem seu território, este tipo de “diálogo” é mais comum
em canídeos domesticados.
O próprio homem selecionou essa
característica conforme sua conveniência, sem saber que os cães tendem a latir mais para outros cães,
do que para qualquer outra espécie ou situação.
Os latidos excessivos são um problema
sério nas clínicas veterinárias, pet shops e hoteizinhos. Se os canis não forem
bem isolados, terão problemas com os vizinhos, já que os sons podem gerar até
90 decibéis de altura, o que não é considerado seguro. Na hora de planejar onde
irá colocar suas gaiolas, leve isso em consideração e previna-se de problemas
futuros.
A solução para situações difíceis
Quando os latidos se tornam um problema
para o dono, o médico veterinário deve intervir. Os cães que são deixados no quintal e latem
para qualquer movimento na rua podem ser facilmente confinados dentro de casa
ou no canil durante os horários de maior movimento. Dessa forma, não terão
acesso a portões e cercas e, com o tempo, dessensibilizarão do vai-e-vem da
calçada. Os proprietários não devem permitir correrias no quintal e balbúrdia,
sendo instruídos a chamarem o cão imediatamente, recompensá-lo e
impedi-lo de retornar ao que estava fazendo. Usando o comando “vem” para o cão,
bem animado, e quando o cão se aproximar, recompensá-lo com um biscoito ou
muito carinho.
Uma das situações mais frustrantes para
o cliente é quando o cão late ao ser deixado sozinho. Nesse
caso ele pode estar latindo por ansiedade de separação, ou seja, não suporta a
ausência do dono. Outra causa é o medo de sons que não identifica nos vizinhos
ou redondezas. No caso da ansiedade, o cão,
além de latir destrói a porta de saída ou objetos pessoais de seu proprietário,
além de apresentar vômitos e diarreia em casos mais graves.
Não é difícil de ser diagnosticada,
porque é realmente um ataque de pânico e com proporções destrutivas
correspondentes. O correto é encaminhar o caso a um especialista em
comportamento. Se o cão não dá sossego aos vizinhos quando
todo mundo sai de casa, provavelmente ele algum dia ouviu ou viu algo que
interpretou como um intruso.
Só que não esquece e então nunca se
sente seguro quando deixado sozinho. É mais comum em cães de porte médio ou pequeno e a solução
é muito simples. Porém, nem sempre temos a cooperação do proprietário: colocar
o cão dentro de casa. Pode ser numa
lavanderia ou cozinha e não num quartinho nos fundos. Dessa forma o cão se sente protegido e fica quieto.
Funciona muito bem e deve ser feito por alguns meses até que o cão esteja dessensibilizado.
Para cães impossíveis existe a alternativa de
usarmos coleiras antilatidos. As que dão choque ou apitam não são recomendadas.
A primeira é totalmente desumana; e a segunda funciona dois dias e logo o cão se acostuma ao som do apito e late
mesmo assim. E o pior é que daí são dois barulhos desagradáveis juntos.
O indicado é a coleira de spray de
citronella, que espirra rente ao focinho se o cão late. Além de muito segura, realmente
faz os piores latidores ficarem quietinhos. Ela é importada e não custa barato,
mas pode ser um último recurso. Em qualquer uma das situações, nunca devemos
deixar que os cães se tornem um incômodo ao proprietário.
Cabem a nós, médicos veterinários, ensinarmos aos clientes a educar seus cães e com isso promovermos o bem-estar
entre clientes e pacientes.
Luelyn Jockymann, médica
veterinária especialista em
comportamento de cães e gatos.
luelyn@terra.com.br