Canal dos Bichos

Infelizmente, hoje em dia é normal nos depararmos com cães sendo obrigados a utilizar coleiras cheias de pinos – usadas para causar um efeito de intimidação, sufocando e enforcando esses animais. Na verdade, elas são tão amplamente utilizadas por seus responsáveis que é difícil andar na rua e avistar um cão vestido com uma dessas e não se sentir intimidado. No entanto, esses dispositivos estão sendo usados em cães de todos os tamanhos e portes. Será que o uso de coleiras enforcadoras é realmente necessário? As informações são do One Green Planet.

Lamentavelmente, coleiras com pinos são utilizadas como formas de controlar cães de grande porte através de métodos de treinamento chamados como “castigo positivo” e “reforço negativo” (termos empregados pela psicologia no estudo do comportamento). São baseadas na coerção e na força. Quando o cão puxa a coleira, eles experimentam dor ou desconforto (punição positiva). Quando param de puxar, a dor cessa (reforço negativo). Mas afinal, qual o problema?

A verdadeira história sobre essas coleiras

Estes colares com pinos de metal se encaixam em volta do pescoço dos cães com uma série de pontas pontiagudas viradas para dentro. Quando uma corrente atrelada ao colar é puxada, isso provoca a constrição e pressão sobre o pescoço do animal, acompanhado por pequenos ferimentos na pele. A sensação dolorosa provoca uma resposta de medo no cão. Após experimentar a dura sensação, a dor desaparece com o soltar da corrente e o processo de aprendizagem associativa começou.

A coleira em torno da garganta dos cães obstrui a via aérea do animal, fazendo com que ele pare imediatamente a fim de evitar asfixia.

Preocupações sobre o uso de coleiras com pinos e sufocadoras

Felizmente, o uso de métodos de punição está se tornando cada vez menos aceitável para treinar animais, no entanto muitos treinadores continuam usando esses dispositivos. Ambas as coleiras são conhecidas por causarem danos aos nervos dos animais, bem como lesões na glândula tireoide (que está localizada na base do pescoço), na traqueia e nos olhos. Esses dispositivos podem fazer com que o cão desmaie ou pior: viva uma experiência de estrangulamento.

Então por que esse método é tão utilizado?

Porque infelizmente ele funciona. Essa atitude provoca uma forte resposta nos animais e emprega o medo. No entanto, aqui estão alguns dos problemas associados a essas coleiras sufocadoras:

- Os resultados podem ser de curta duração. Em alguns casos, a sensibilidade à dor, nos cães, vai aumentar e eles vão voltar a ter o comportamento de puxar. Colocar o cão na condição de dor severa representa um sério risco de asfixia ou outros ferimentos graves;

- Devido ao medo da dor súbita enquanto sai para passear, o cão pode desenvolver ansiedade de caminhar. Isso poderá se transformar em agressividade direta ao tutor e a outras pessoas associadas a ele. A ansiedade pode ocorrer logo após o cão perceber os sinais de que está prestes a iniciar uma caminhada, como por exemplo o barulho ao pegar suas chaves, da coleira ou qualquer atividade que realize antes de uma caminhada. Resultados de agressão por parte do seu cão podem se apresentar como situações difíceis de se resolver;

- Cada vez que seu cão experimentar um puxão aversivo durante a caminhada, você estará sempre ali com ele. É quase inevitável, portanto, que seu cão associe a experiência dolorosa à sua presença. Isso pode levar a uma ansiedade mais generalizada e fará com que o cão passe a ter medo de você, e não apenas nos períodos que antecedem as caminhadas. Em 2004, um estudo publicado na revistaUK Applied Animal Behaviour concluiu que os cães treinados usando coleiras aversivas (coleiras de choque foram utilizadas no estudo) mostraram mais sinais de estresse na presença de seus tutores, comparados àqueles que treinaram sem os dispositivos punitivos.

Reforço positivo para cães e seres humanos felizes

Não há nenhuma maneira de amenizar o uso em torno desse tipo de coleiras, o qual proporciona tanto sofrimento físico e mental. Além disso, o treinamento de aplicação negativa só ensina um cão o que ele não deve fazer, mas não educa para o que deveria educar – o que pode levar à frustração e confusão no animal. O uso desse dispositivo punitivo e doloroso “ensina” o cão a não puxar, no entanto os animais acabam não vivenciando o principal, que é poder caminhar alegremente ao lado de seu tutor.

Cães se beneficiam enormemente do treinamento de reforço positivo, treinamentos claros e consistentes em que ganham recompensas quando um comportamento desejado é atingido – ao invés de serem punidos por puxar a corrente. Uma vez que eles acertem, o tutor poderá recompensá-los, dando o tratamento juntamente a um comando verbal ou visual positivo. Não só os filhotes podem aprender rapidamente o que a palavra “parabéns” pode significar, mas também adultos, que podem ser educados para comportamentos saudáveis se souberem que haverá uma recompensa se ele “se comportar”.

Os cães trazem muita alegria aos seres humanos. Não seria interessante retribuirmos esse afeto tratando-os com ética e respeito?