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Postado Por : Dom Ruiz quinta-feira, 6 de junho de 2013


Uma boa notícia para todos os que torcem pela volta da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) à natureza: experimentos com inseminação artificial, realizados por pesquisadores em ararinhas mantidas em cativeiro, resultaram no nascimento de filhote.

A Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP) é uma entidade parceira do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na implementação do Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-azul, que visa a reintrodução da espécie na natureza. A cada ano, a temporada reprodutiva é um dos momentos mais importantes, pois os problemas genéticos da espécie dificultam o desenvolvimento do programa reprodutivo em todo o mundo, diminuindo o sucesso do aumento de população da ave.

Com isso, pesquisadores da AWWP, do Qatar, e da Parrot Reproduction Consulting, da Alemanha, decidiram ajudar a ararinha-azul no processo de reprodução através de inseminação artificial. Logo que uma fêmea fazia a postura do seu primeiro ovo, os pesquisadores coletavam espermatozoides de machos selecionados e imediatamente depositavam o material no oviduto das fêmeas de ararinhas-azuis, esperando que o próximo ovo fosse fertilizado, antes que a casca se formasse. O processo foi repetido após a segunda e terceira postura, pois é esperada uma postura de quatro ovos para ararinhas-azuis.

Após espera de sete dias, os ovos foram examinados para a verificação da fertilidade. Dois de sete ovos que foram inseminados artificialmente estavam férteis e se desenvolvendo bem na incubadora. Os ovos foram monitorados diariamente até o nascimento do filhote, no vigésimo sexto dia de incubação.
 
Grande passo  - 
Para o coordenador de espécies ameaçadas do ICMBio, Ugo Vercillo, a inseminação artificial da ararinha-azul é um grande passo no processo de reintrodução da espécie na natureza. “Há 5 anos a inseminação artificial para a ararinha-azul era algo impossível. Graças aos esforços da Al Wabra Wildlife Preservation e da Parrot Reproduction Consulting, esse feito se tornou realidade e nos deixa mais perto de reintroduzir a ararinha-azul na natureza”, destacou.

O primeiro filhote recebeu o nome de Neumann, uma homenagem ao executor da primeira inseminação artificial de sucesso em ararinhas-azuis. Sobre a experiência, o médico-veterinário, Daniel Neumann, da Parrot Reproduction Consulting e especialista em reprodução do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Ararinha-azul, coordenado pelo ICMBio disse: “Já realizei muitas inseminações artificiais em psitacídeos nos últimos anos, mas nenhuma foi tão especial quanto esta com as ararinhas-azuis. Ainda garoto, acompanhei o desaparecimento da última ararinha-azul na natureza e era meu sonho estar envolvido com a conservação desta espécie. Agora fui a pessoa que realizou a primeira inseminação artificial com sucesso. Ainda é difícil entender, mas isto me faz bem”.

Tim Bouts, da AWWP considera importante a reprodução da ararinha-azul no Brasil. “Em parceria com a NEST, a AWWP maneja dez das onze ararinhas-azuis que estão no Brasil, juntamente com o governo brasileiro. Precisamos começar a reproduzir estas aves no Brasil e iniciar a prática de inseminação artificial o quanto antes”, destacou.

Sobre a AWWP  - A Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP), fundada pelo V. E. Sheikh Saoud Bin Mohamed Bin Ali Al-Thani, na pequena península do Qatar, está ativamente envolvida na conservação da espécie em seu ambiente natural no Brasil. No centro reprodutivo no Qatar, a AWWP possui 64 ararinhas-azuis (77% da população mundial da espécie), das 83 ararinhas registradas no studbook da espécie. Juntamente com a NEST, a Al Wabra possui uma parceria para manejar dez ou onze ararinhas-azuis no Brasil. A AWWP também possui uma área de 2.380 hectares em um dos principais hábitats das ararinhas-azuis, próximo a cidade de Curaçá (BA), na Caatinga, visando a restauração desse hábitat, preparando a área parar a reintrodução das ararinhas-azuis. O Consultor de Manejo do Programa de Cativeiro da Ararinha-azul é membro da equipe da AWWP.

Plano de Ação Nacional para Conservação da Ararinha-Azul  - O Plano de Ação congrega os atores relevantes para a conservação da espécie e organiza todas as ações que precisam ser conduzidas para promover a reintrodução da espécie na natureza. Entre estas ações está o aumento pupulacional da espécie em cativeiro e a preparação do seu habitat natural para receber a espécie nos próximos anos. São parceiros do PAN da Ararinha-azul, as seguintes instituições: AWWP, ACTP, Fundação Lymington, Nest, Parrots International, Parque das Aves, Universidade de São Paulo, SAVE Brasil, Funbio e Vale.

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