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Postado Por : Dom Ruiz terça-feira, 3 de março de 2015

"NO-KILL"

(Foto: PETA) No estado americano de Virgínia, o clima não está nada amistoso entre os protetores animais. É que uma guerra de acusações e uma proposta de mudança na legislação está colocando em rota de colisão a People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) e outras organizações ligadas a abrigos de animais domésticos. O centro da discussão é a alta taxa de morte induzida (também chamada de eutanásia) de animais recolhidos para os abrigos da PETA. As informações são do Washington Post.  A PETA opera um grande abrigo em sua sede em Norfolk, onde, a cada ano, a grande maioria dos gatos e cães que dão entrada não saem vivos. O estopim para o início da briga foi o caso de um chihuahua morto depois de ter sido inexplicavelmente retirado da varanda de seu tutor por um empregado da ONG na Costa Leste.  O momento foi perfeito para uma proposta de lei que está sendo impulsionada pelo parlamentar do Senado estadual William M. Stanley Jr. a partir do consenso das duas casas legislativas do estado e que define um abrigo animal privado como uma entidade que “opera com o objetivo de encontrar lares adotivos permanentes.” De acordo com o código atual, esta é apenas uma das várias descrições oficiais para um abrigo.  Apoiadores afirmam que o projeto deixa a lei atual mais clara, mas torna mais difícil para organizações como a PETA induzir a morte de animais sem antes tentar encontrar casas para eles.  Em 2014, de acordo com relatórios do estado, a organização acolheu 2.631 cães e gatos. Desses, apenas 307 tiveram suas vidas poupadas.  “É impossível imaginar que eles estão tentando fazer os animais serem adotados com uma taxa de fracasso dessas”, disse Debra Griggs da Virginia Federation of Humane Societies. A proposta codifica o que “todos os abrigos da Virgínia já tem feito — exceto a PETA”.  Os apoiadores da PETA  afirmam que a proposta na verdade é sobre algo maior. Eles acreditam que seus oponentes se aproveitaram do caso do chihuahua para obrigar a adoção de uma política de “no-kill” – que abandona a indução da morte de animais em todos os abrigos privados.  “Quando fui abordado pela PETA há menos de três semanas atrás, eu descobri que estava no meio de uma batalha de anos entre pessoas amam os animais, que fazem o acham que é o melhor para eles, que trabalham dentro das leis estaduais e que, mesmo assim, se detestam”, escreveu o lobista Stephen Haner num e-mail para os membros das casas legislativas. “Mas só há um lado desta batalha que está tentando impor sua visão sobre o outro”.  A mensagem de Haner é parte de uma agressiva campanha de lobby feita no último minuto para tentar impedir a aprovação do projeto que ele e outras pessoas acreditam que terão importantes consequências.  O âmago do debate está num dissenso filosófico sobre a forma mais humana de se lidar com animais domésticos, mas sem domicílio.  “Essa besteira da PETA veio num momento conveniente e está sendo usada como cavalo de Troia para introduzir o movimento do no-kill na Virgínia”, disse um lobista de longa data em questões animais que aceitou conversar sob condição de anonimato, pois representa um grupo adota uma posição neutra em relação ao projeto.  Uma política de no-kill, se for imposta a todos os abrigos, iria resultar num “retrocesso a 1850, quando se afogavam os animais num balde, atiravam na cabeça ou só deixavam que eles morressem de fome”, disse Sharon Adams, que foi chefe da Virginia Beach SPCA durante 20 anos. Ela trabalha para a Virginia Alliance for Animal Shelters, que se opõe ao projeto.  Além da proposta de lei, os ativistas do no-kill pediram que os reguladores estaduais introduzissem uma regra exigindo que abrigos mantivessem registros de quando, como e por que cada animal foi recolhido e quando e por qual motivo foi morto.  A PETA não quis comentar o projeto de lei. Em seu site oficial, a organização afirma que recolhe animais que não seriam adotados nem seriam recolhidos por outros abrigos e os aliviam de seu sofrimento.  “Em razão do alto número de animais de companhia indesejados e pela falta de bons lares, algumas vezes a coisa mais humana que um funcionário de abrigo pode fazer é dar ao animal a chance de uma passagem calma”, disse a organização. Eles lamentam que “o desejo egoísta de possuir esses animais e receber amor deles (…) tenha criado uma crise de superpopulação”.  Tais pronunciamentos tem recebido acusações de crueldade contra animais. Críticos questionam se, apesar de sua aparência de radical pró-animal que encoraja o veganismo e rejeita os zoológicos, a PETA realmente se importa com os animais domésticos.  “Eles não fazem nenhum esforço para fazer com que eles sejam adotados e agora eles estão se revoltando com a sugestão de que talvez devessem tentar”, disse Robin Starr, chefe da Richmond SPCA, em um post em seu blog. “Eles não querem nenhum impedimento a suas mortes (…) A PETA é um enorme, rico e malvado valentão”.  Vários líderes de abrigos afirmam que as objeções da PETA à legislação proposta são infundadas, apesar do Departamento de Agricultura e Serviços ao Consumidor ter dito aos legisladores que o projeto pode fazer com que abrigos privados parem de receber animais que representem algum desafio. Neste caso, dizem as autoridades, os abrigos municipais poderiam ser forçados a lidar com mais animais de rua.  “Meus colegas no estado e na região não veem isso como uma ameaça”, afirma Tawny Hammond, que lidera o abrigo de Fairfax County’s e vê a proposta como um “esclarecimento” que não vai prejudicar nenhuma entidade que queira encontrar casas para os animais. “Eu não vejo isso como jogar um fardo nos ombros de uma organização ou comunidade”.  Fora os animais doentes que são mortos a pedido de seus tutores, Fairfax tem uma taxa de adoção de mais de 90%, afirma Tawny. Como um abrigo público, ele não pode selecionar os animais que são aceitos. Em geral, um quarto dos animais acolhidos na Virgínia por abrigos públicos tem sua morte induzida, uma taxa muito menor que a da PETA.  A legislação passou o Senado, a casa superior estadual, com apenas 5 votos contra, e a Câmara, a casa inferior, com apenas dois. O projeto foi atenuado na Câmara ao ter retirado uma frase que requeria que os abrigos “facilitassem outras formas de salvar a vida” dos animais abandonados.  “Isto não muda a essência do projeto”, afirma Stanley, que cuida de três cães e um gato resgatados. “Eu acredito que é importante que o público saiba que eles [a PETA] não são um abrigo animal que procura lares permanentes para seus animais, mas na verdade os sacrifica”.  O único ponto em que todos concordam é que a questão rachou uma comunidade que antes costumava trabalhar junta.  “Há muito rancor”, diz Dane Meeker, presidente da SPCA of Northern Virginia. “Poderíamos ter trabalhado em outros coisas, mas havia muita raiva em relação àquela organização esse ano.”
(Foto: PETA)
No estado americano de Virgínia, o clima não está nada amistoso entre os protetores animais. É que uma guerra de acusações e uma proposta de mudança na legislação está colocando em rota de colisão a People for the Ethical Treatment of Animals (PETA) e outras organizações ligadas a abrigos de animais domésticos. O centro da discussão é a alta taxa de morte induzida (também chamada de eutanásia) de animais recolhidos para os abrigos da PETA. As informações são do Washington Post.
A PETA opera um grande abrigo em sua sede em Norfolk, onde, a cada ano, a grande maioria dos gatos e cães que dão entrada não saem vivos. O estopim para o início da briga foi o caso de um chihuahua morto depois de ter sido inexplicavelmente retirado da varanda de seu tutor por um empregado da ONG na Costa Leste.
O momento foi perfeito para uma proposta de lei que está sendo impulsionada pelo parlamentar do Senado estadual William M. Stanley Jr. a partir do consenso das duas casas legislativas do estado e que define um abrigo animal privado como uma entidade que “opera com o objetivo de encontrar lares adotivos permanentes.” De acordo com o código atual, esta é apenas uma das várias descrições oficiais para um abrigo.
Apoiadores afirmam que o projeto deixa a lei atual mais clara, mas torna mais difícil para organizações como a PETA induzir a morte de animais sem antes tentar encontrar casas para eles.
Em 2014, de acordo com relatórios do estado, a organização acolheu 2.631 cães e gatos. Desses, apenas 307 tiveram suas vidas poupadas.
“É impossível imaginar que eles estão tentando fazer os animais serem adotados com uma taxa de fracasso dessas”, disse Debra Griggs da Virginia Federation of Humane Societies. A proposta codifica o que “todos os abrigos da Virgínia já tem feito — exceto a PETA”.
Os apoiadores da PETA  afirmam que a proposta na verdade é sobre algo maior. Eles acreditam que seus oponentes se aproveitaram do caso do chihuahua para obrigar a adoção de uma política de “no-kill” – que abandona a indução da morte de animais em todos os abrigos privados.
“Quando fui abordado pela PETA há menos de três semanas atrás, eu descobri que estava no meio de uma batalha de anos entre pessoas amam os animais, que fazem o acham que é o melhor para eles, que trabalham dentro das leis estaduais e que, mesmo assim, se detestam”, escreveu o lobista Stephen Haner num e-mail para os membros das casas legislativas. “Mas só há um lado desta batalha que está tentando impor sua visão sobre o outro”.
A mensagem de Haner é parte de uma agressiva campanha de lobby feita no último minuto para tentar impedir a aprovação do projeto que ele e outras pessoas acreditam que terão importantes consequências.
O âmago do debate está num dissenso filosófico sobre a forma mais humana de se lidar com animais domésticos, mas sem domicílio.
“Essa besteira da PETA veio num momento conveniente e está sendo usada como cavalo de Troia para introduzir o movimento do no-kill na Virgínia”, disse um lobista de longa data em questões animais que aceitou conversar sob condição de anonimato, pois representa um grupo adota uma posição neutra em relação ao projeto.
Uma política de no-kill, se for imposta a todos os abrigos, iria resultar num “retrocesso a 1850, quando se afogavam os animais num balde, atiravam na cabeça ou só deixavam que eles morressem de fome”, disse Sharon Adams, que foi chefe da Virginia Beach SPCA durante 20 anos. Ela trabalha para a Virginia Alliance for Animal Shelters, que se opõe ao projeto.
Além da proposta de lei, os ativistas do no-kill pediram que os reguladores estaduais introduzissem uma regra exigindo que abrigos mantivessem registros de quando, como e por que cada animal foi recolhido e quando e por qual motivo foi morto.
A PETA não quis comentar o projeto de lei. Em seu site oficial, a organização afirma que recolhe animais que não seriam adotados nem seriam recolhidos por outros abrigos e os aliviam de seu sofrimento.
“Em razão do alto número de animais de companhia indesejados e pela falta de bons lares, algumas vezes a coisa mais humana que um funcionário de abrigo pode fazer é dar ao animal a chance de uma passagem calma”, disse a organização. Eles lamentam que “o desejo egoísta de possuir esses animais e receber amor deles (…) tenha criado uma crise de superpopulação”.
Tais pronunciamentos tem recebido acusações de crueldade contra animais. Críticos questionam se, apesar de sua aparência de radical pró-animal que encoraja o veganismo e rejeita os zoológicos, a PETA realmente se importa com os animais domésticos.
“Eles não fazem nenhum esforço para fazer com que eles sejam adotados e agora eles estão se revoltando com a sugestão de que talvez devessem tentar”, disse Robin Starr, chefe da Richmond SPCA, em um post em seu blog. “Eles não querem nenhum impedimento a suas mortes (…) A PETA é um enorme, rico e malvado valentão”.
Vários líderes de abrigos afirmam que as objeções da PETA à legislação proposta são infundadas, apesar do Departamento de Agricultura e Serviços ao Consumidor ter dito aos legisladores que o projeto pode fazer com que abrigos privados parem de receber animais que representem algum desafio. Neste caso, dizem as autoridades, os abrigos municipais poderiam ser forçados a lidar com mais animais de rua.
“Meus colegas no estado e na região não veem isso como uma ameaça”, afirma Tawny Hammond, que lidera o abrigo de Fairfax County’s e vê a proposta como um “esclarecimento” que não vai prejudicar nenhuma entidade que queira encontrar casas para os animais. “Eu não vejo isso como jogar um fardo nos ombros de uma organização ou comunidade”.
Fora os animais doentes que são mortos a pedido de seus tutores, Fairfax tem uma taxa de adoção de mais de 90%, afirma Tawny. Como um abrigo público, ele não pode selecionar os animais que são aceitos. Em geral, um quarto dos animais acolhidos na Virgínia por abrigos públicos tem sua morte induzida, uma taxa muito menor que a da PETA.
A legislação passou o Senado, a casa superior estadual, com apenas 5 votos contra, e a Câmara, a casa inferior, com apenas dois. O projeto foi atenuado na Câmara ao ter retirado uma frase que requeria que os abrigos “facilitassem outras formas de salvar a vida” dos animais abandonados.
“Isto não muda a essência do projeto”, afirma Stanley, que cuida de três cães e um gato resgatados. “Eu acredito que é importante que o público saiba que eles [a PETA] não são um abrigo animal que procura lares permanentes para seus animais, mas na verdade os sacrifica”.
O único ponto em que todos concordam é que a questão rachou uma comunidade que antes costumava trabalhar junta.
“Há muito rancor”, diz Dane Meeker, presidente da SPCA of Northern Virginia. “Poderíamos ter trabalhado em outros coisas, mas havia muita raiva em relação àquela organização esse ano.”

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