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Postado Por : Dom Ruiz sexta-feira, 25 de julho de 2014

INICIATIVA

Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal INICIATIVA Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1) Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1)  Aos 9 anos, Astor passa pela primeira vez na vida por uma consulta oftalmológica. A vermelhidão no olho direito levou o estudante Rodrigo Calminatti Ernesto a procurar um especialista em visão canina. Dessa vez, o diagnóstico do labrador de Ernesto é de uveíte – uma inflamação intraocular – decorrente de outra doença no organismo. Mas a suspeita do tutor era que o cão estivesse com catarata.  Astor foi examinado no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (SP), o mesmo onde a poodle Nara, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de que o tutor de Astor suspeitava: a catarata. Ela foi operada com um recurso que vem sendo estudado pelos pesquisadores do departamento de clínica e cirurgia veterinária da universidade, e que pode ser um passo para o sucesso de cirurgias de catarata em cães com idade avançada.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  O grupo testa a aplicação de um dispositivo biodegradável nos animais, capaz de liberar anti-inflamatórios nos olhos operados. O procedimento, segundo os médicos-veterinários, dispensa o uso de alguns colírios no processo pós-operatório, o que pode auxiliar numa recuperação mais rápida e diminuir os riscos de inflamação ocular nos cães.  De acordo com o professor do departamento, José Luiz Laus, o procedimento adotado nas cirurgias de catarata em cães é o mesmo utilizado em humanos. A técnica, conhecida como facoemulsificação, consiste na retirada da “lente” que se forma no cristalino e na aplicação de uma lente acrílica nos olhos do paciente. A grande diferença, no entanto, consiste no processo pós-operatório.  “O olho do cão inflama de 10 a 15 vezes mais que o olho do homem. Essa é a principal razão pela qual ainda não conseguimos o mesmo índice de sucesso que se atinge com o olho humano. Se o olho inflama muito, o pós-operatório fica comprometido”, explica.  Para tentar minimizar o problema, os pesquisadores tomaram a iniciativa de implantar um microdispositivo nos olhos do animal. O aparelho, testado e desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é feito de material biodegradável e absorvido pelo organismo do animal, ao mesmo tempo em que libera anti-inflamatórios dentro do olho do animal.  “A diferença nessa cirurgia é a implantação desse dispositivo de liberação lenta de anti-inflamatórios. A ideia é verificar se com o dispositivo o resultado do pós-operatório é melhor que no método tradicional, inclusive com a diminuição do uso de alguns colírios. Utilizando o dispositivo, controla-se melhor a inflamação e diminuem-se os efeitos colaterais, o que provavelmente deve trazer um resultado melhor”, afirma o cirurgião Tiago Barbário Lima, doutorando na universidade e autor da pesquisa.  Diagnóstico e seleção  Os principais sintomas da catarata em cães, de acordo com o pesquisador, são olhos esbranquiçados e problemas com equilíbrio. “É perceptível que o olho do animal está se tornando branco. O olho fica mais branco durante a noite e menos branco durante o dia. Isso porque durante o dia a pupila está contraída. Como a lente fica atrás da pupila, e à noite ela dilata, a lente fica mais visível. Além disso, o cãozinho começa a esbarrar nas coisas. Ele anda pela casa, bate nos objetos, fica desorientado”, explica.  A universidade está à procura de cães que se enquadrem no perfil da pesquisa para a realização das cirurgias. Segundo Laus, os animais devem ter acima de seis anos – faixa etária na qual ocorrem as cataratas senis, objeto de estudo dos pesquisadores. As consultas são agendadas por telefone e o proprietário recebe orientações sobre os cuidados a serem tomados com o cão no dia da consulta. “É necessário o jejum, por exemplo, para eventuais exames os quais o animal tenha que passar”, afirma.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  Foi exatamente a cor dos olhos da poodle Nara, de 8 anos, que chamou a atenção de seu tutor, o supervisor de segurança Rogério Portella Camargo, de Barretos (SP). Ele conta que a cadela foi diagnosticada com a doença aos três anos, mas que o alto custo da cirurgia em clínicas particulares o impedia de pagar pelo procedimento. Em 2011, no entanto, Camargo soube do trabalho desenvolvido no Hospital Veterinário e resolveu levar a cadela para uma consulta.  Do primeiro atendimento até a série de exames para verificar a possibilidade de realização da cirurgia – procedimento adotado pelo hospital em todos os animais – foram quase três anos. Em maio deste ano, Nara foi finalmente operada, e segue agora em processo de recuperação. “Ela está super alegre, enxergando tudo certinho. Até a gente fica mais feliz. Antes ela batia com a cabeça nos lugares, caía o tempo todo. Estamos tratando com cinco colírios diferentes, e no mês que vem iremos ao último retorno dela. Só tenho que agradecer à atenção e dedicação da equipe do hospital”, afirma.  Depois do procedimento, o animal ainda é acompanhado pelo hospital em consultas de rotina, para que seja verificada a evolução do paciente. “O mais importante é tomar cuidado com as atividades do animal neste período. É preciso atenção do tutor com os riscos de automutilação, uma vez que o animal pode ficar um pouco arredio com o uso do colar pós-cirúrgico no pescoço. O tratamento é feito com aplicação de colírios e medicação via oral.”  Por se tratar de um estudo, os custos da cirurgia chegam a cair de 70% a 80% para o tutor. “No hospital, o preço de uma cirurgia de catarata com a aplicação da lente acrílica nos dois olhos do cão varia de R$ 2,8 mil a R$ 3 mil. Os tutores dos animais incluídos na pesquisa vão gastar de 20% a 30% desse valor. É um custo baixo, visto que em clínicas particulares essa cirurgia custa, no mínimo, R$ 5 mil”, explica Lima, autor da pesquisa. Os interessados em procurar pelo serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário de Jaboticabal devem entram em contato com a unidade e agendar uma consulta pelo telefone (16) 3209-2626.  Fonte: G1
Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário
da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1)
Aos 9 anos, Astor passa pela primeira vez na vida por uma consulta oftalmológica. A vermelhidão no olho direito levou o estudante Rodrigo Calminatti Ernesto a procurar um especialista em visão canina. Dessa vez, o diagnóstico do labrador de Ernesto é de uveíte – uma inflamação intraocular – decorrente de outra doença no organismo. Mas a suspeita do tutor era que o cão estivesse com catarata.
Astor foi examinado no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (SP), o mesmo onde a poodle Nara, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de que o tutor de Astor suspeitava: a catarata. Ela foi operada com um recurso que vem sendo estudado pelos pesquisadores do departamento de clínica e cirurgia veterinária da universidade, e que pode ser um passo para o sucesso de cirurgias de catarata em cães com idade avançada.
Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata INICIATIVA Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1) Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1)  Aos 9 anos, Astor passa pela primeira vez na vida por uma consulta oftalmológica. A vermelhidão no olho direito levou o estudante Rodrigo Calminatti Ernesto a procurar um especialista em visão canina. Dessa vez, o diagnóstico do labrador de Ernesto é de uveíte – uma inflamação intraocular – decorrente de outra doença no organismo. Mas a suspeita do tutor era que o cão estivesse com catarata.  Astor foi examinado no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (SP), o mesmo onde a poodle Nara, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de que o tutor de Astor suspeitava: a catarata. Ela foi operada com um recurso que vem sendo estudado pelos pesquisadores do departamento de clínica e cirurgia veterinária da universidade, e que pode ser um passo para o sucesso de cirurgias de catarata em cães com idade avançada.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  O grupo testa a aplicação de um dispositivo biodegradável nos animais, capaz de liberar anti-inflamatórios nos olhos operados. O procedimento, segundo os médicos-veterinários, dispensa o uso de alguns colírios no processo pós-operatório, o que pode auxiliar numa recuperação mais rápida e diminuir os riscos de inflamação ocular nos cães.  De acordo com o professor do departamento, José Luiz Laus, o procedimento adotado nas cirurgias de catarata em cães é o mesmo utilizado em humanos. A técnica, conhecida como facoemulsificação, consiste na retirada da “lente” que se forma no cristalino e na aplicação de uma lente acrílica nos olhos do paciente. A grande diferença, no entanto, consiste no processo pós-operatório.  “O olho do cão inflama de 10 a 15 vezes mais que o olho do homem. Essa é a principal razão pela qual ainda não conseguimos o mesmo índice de sucesso que se atinge com o olho humano. Se o olho inflama muito, o pós-operatório fica comprometido”, explica.  Para tentar minimizar o problema, os pesquisadores tomaram a iniciativa de implantar um microdispositivo nos olhos do animal. O aparelho, testado e desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é feito de material biodegradável e absorvido pelo organismo do animal, ao mesmo tempo em que libera anti-inflamatórios dentro do olho do animal.  “A diferença nessa cirurgia é a implantação desse dispositivo de liberação lenta de anti-inflamatórios. A ideia é verificar se com o dispositivo o resultado do pós-operatório é melhor que no método tradicional, inclusive com a diminuição do uso de alguns colírios. Utilizando o dispositivo, controla-se melhor a inflamação e diminuem-se os efeitos colaterais, o que provavelmente deve trazer um resultado melhor”, afirma o cirurgião Tiago Barbário Lima, doutorando na universidade e autor da pesquisa.  Diagnóstico e seleção  Os principais sintomas da catarata em cães, de acordo com o pesquisador, são olhos esbranquiçados e problemas com equilíbrio. “É perceptível que o olho do animal está se tornando branco. O olho fica mais branco durante a noite e menos branco durante o dia. Isso porque durante o dia a pupila está contraída. Como a lente fica atrás da pupila, e à noite ela dilata, a lente fica mais visível. Além disso, o cãozinho começa a esbarrar nas coisas. Ele anda pela casa, bate nos objetos, fica desorientado”, explica.  A universidade está à procura de cães que se enquadrem no perfil da pesquisa para a realização das cirurgias. Segundo Laus, os animais devem ter acima de seis anos – faixa etária na qual ocorrem as cataratas senis, objeto de estudo dos pesquisadores. As consultas são agendadas por telefone e o proprietário recebe orientações sobre os cuidados a serem tomados com o cão no dia da consulta. “É necessário o jejum, por exemplo, para eventuais exames os quais o animal tenha que passar”, afirma.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  Foi exatamente a cor dos olhos da poodle Nara, de 8 anos, que chamou a atenção de seu tutor, o supervisor de segurança Rogério Portella Camargo, de Barretos (SP). Ele conta que a cadela foi diagnosticada com a doença aos três anos, mas que o alto custo da cirurgia em clínicas particulares o impedia de pagar pelo procedimento. Em 2011, no entanto, Camargo soube do trabalho desenvolvido no Hospital Veterinário e resolveu levar a cadela para uma consulta.  Do primeiro atendimento até a série de exames para verificar a possibilidade de realização da cirurgia – procedimento adotado pelo hospital em todos os animais – foram quase três anos. Em maio deste ano, Nara foi finalmente operada, e segue agora em processo de recuperação. “Ela está super alegre, enxergando tudo certinho. Até a gente fica mais feliz. Antes ela batia com a cabeça nos lugares, caía o tempo todo. Estamos tratando com cinco colírios diferentes, e no mês que vem iremos ao último retorno dela. Só tenho que agradecer à atenção e dedicação da equipe do hospital”, afirma.  Depois do procedimento, o animal ainda é acompanhado pelo hospital em consultas de rotina, para que seja verificada a evolução do paciente. “O mais importante é tomar cuidado com as atividades do animal neste período. É preciso atenção do tutor com os riscos de automutilação, uma vez que o animal pode ficar um pouco arredio com o uso do colar pós-cirúrgico no pescoço. O tratamento é feito com aplicação de colírios e medicação via oral.”  Por se tratar de um estudo, os custos da cirurgia chegam a cair de 70% a 80% para o tutor. “No hospital, o preço de uma cirurgia de catarata com a aplicação da lente acrílica nos dois olhos do cão varia de R$ 2,8 mil a R$ 3 mil. Os tutores dos animais incluídos na pesquisa vão gastar de 20% a 30% desse valor. É um custo baixo, visto que em clínicas particulares essa cirurgia custa, no mínimo, R$ 5 mil”, explica Lima, autor da pesquisa. Os interessados em procurar pelo serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário de Jaboticabal devem entram em contato com a unidade e agendar uma consulta pelo telefone (16) 3209-2626.  Fonte: G1
Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão
 Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)
O grupo testa a aplicação de um dispositivo biodegradável nos animais, capaz de liberar anti-inflamatórios nos olhos operados. O procedimento, segundo os médicos-veterinários, dispensa o uso de alguns colírios no processo pós-operatório, o que pode auxiliar numa recuperação mais rápida e diminuir os riscos de inflamação ocular nos cães.
De acordo com o professor do departamento, José Luiz Laus, o procedimento adotado nas cirurgias de catarata em cães é o mesmo utilizado em humanos. A técnica, conhecida como facoemulsificação, consiste na retirada da “lente” que se forma no cristalino e na aplicação de uma lente acrílica nos olhos do paciente. A grande diferença, no entanto, consiste no processo pós-operatório.
“O olho do cão inflama de 10 a 15 vezes mais que o olho do homem. Essa é a principal razão pela qual ainda não conseguimos o mesmo índice de sucesso que se atinge com o olho humano. Se o olho inflama muito, o pós-operatório fica comprometido”, explica.
Para tentar minimizar o problema, os pesquisadores tomaram a iniciativa de implantar um microdispositivo nos olhos do animal. O aparelho, testado e desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é feito de material biodegradável e absorvido pelo organismo do animal, ao mesmo tempo em que libera anti-inflamatórios dentro do olho do animal.
“A diferença nessa cirurgia é a implantação desse dispositivo de liberação lenta de anti-inflamatórios. A ideia é verificar se com o dispositivo o resultado do pós-operatório é melhor que no método tradicional, inclusive com a diminuição do uso de alguns colírios. Utilizando o dispositivo, controla-se melhor a inflamação e diminuem-se os efeitos colaterais, o que provavelmente deve trazer um resultado melhor”, afirma o cirurgião Tiago Barbário Lima, doutorando na universidade e autor da pesquisa.
Diagnóstico e seleção
Os principais sintomas da catarata em cães, de acordo com o pesquisador, são olhos esbranquiçados e problemas com equilíbrio. “É perceptível que o olho do animal está se tornando branco. O olho fica mais branco durante a noite e menos branco durante o dia. Isso porque durante o dia a pupila está contraída. Como a lente fica atrás da pupila, e à noite ela dilata, a lente fica mais visível. Além disso, o cãozinho começa a esbarrar nas coisas. Ele anda pela casa, bate nos objetos, fica desorientado”, explica.
A universidade está à procura de cães que se enquadrem no perfil da pesquisa para a realização das cirurgias. Segundo Laus, os animais devem ter acima de seis anos – faixa etária na qual ocorrem as cataratas senis, objeto de estudo dos pesquisadores. As consultas são agendadas por telefone e o proprietário recebe orientações sobre os cuidados a serem tomados com o cão no dia da consulta. “É necessário o jejum, por exemplo, para eventuais exames os quais o animal tenha que passar”, afirma.
Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata INICIATIVA Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1) Cachorro passa por consulta para identificação de catarata no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (Foto: Fernanda Testa/G1)  Aos 9 anos, Astor passa pela primeira vez na vida por uma consulta oftalmológica. A vermelhidão no olho direito levou o estudante Rodrigo Calminatti Ernesto a procurar um especialista em visão canina. Dessa vez, o diagnóstico do labrador de Ernesto é de uveíte – uma inflamação intraocular – decorrente de outra doença no organismo. Mas a suspeita do tutor era que o cão estivesse com catarata.  Astor foi examinado no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal (SP), o mesmo onde a poodle Nara, de 8 anos, recebeu o diagnóstico de que o tutor de Astor suspeitava: a catarata. Ela foi operada com um recurso que vem sendo estudado pelos pesquisadores do departamento de clínica e cirurgia veterinária da universidade, e que pode ser um passo para o sucesso de cirurgias de catarata em cães com idade avançada.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  O grupo testa a aplicação de um dispositivo biodegradável nos animais, capaz de liberar anti-inflamatórios nos olhos operados. O procedimento, segundo os médicos-veterinários, dispensa o uso de alguns colírios no processo pós-operatório, o que pode auxiliar numa recuperação mais rápida e diminuir os riscos de inflamação ocular nos cães.  De acordo com o professor do departamento, José Luiz Laus, o procedimento adotado nas cirurgias de catarata em cães é o mesmo utilizado em humanos. A técnica, conhecida como facoemulsificação, consiste na retirada da “lente” que se forma no cristalino e na aplicação de uma lente acrílica nos olhos do paciente. A grande diferença, no entanto, consiste no processo pós-operatório.  “O olho do cão inflama de 10 a 15 vezes mais que o olho do homem. Essa é a principal razão pela qual ainda não conseguimos o mesmo índice de sucesso que se atinge com o olho humano. Se o olho inflama muito, o pós-operatório fica comprometido”, explica.  Para tentar minimizar o problema, os pesquisadores tomaram a iniciativa de implantar um microdispositivo nos olhos do animal. O aparelho, testado e desenvolvido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é feito de material biodegradável e absorvido pelo organismo do animal, ao mesmo tempo em que libera anti-inflamatórios dentro do olho do animal.  “A diferença nessa cirurgia é a implantação desse dispositivo de liberação lenta de anti-inflamatórios. A ideia é verificar se com o dispositivo o resultado do pós-operatório é melhor que no método tradicional, inclusive com a diminuição do uso de alguns colírios. Utilizando o dispositivo, controla-se melhor a inflamação e diminuem-se os efeitos colaterais, o que provavelmente deve trazer um resultado melhor”, afirma o cirurgião Tiago Barbário Lima, doutorando na universidade e autor da pesquisa.  Diagnóstico e seleção  Os principais sintomas da catarata em cães, de acordo com o pesquisador, são olhos esbranquiçados e problemas com equilíbrio. “É perceptível que o olho do animal está se tornando branco. O olho fica mais branco durante a noite e menos branco durante o dia. Isso porque durante o dia a pupila está contraída. Como a lente fica atrás da pupila, e à noite ela dilata, a lente fica mais visível. Além disso, o cãozinho começa a esbarrar nas coisas. Ele anda pela casa, bate nos objetos, fica desorientado”, explica.  A universidade está à procura de cães que se enquadrem no perfil da pesquisa para a realização das cirurgias. Segundo Laus, os animais devem ter acima de seis anos – faixa etária na qual ocorrem as cataratas senis, objeto de estudo dos pesquisadores. As consultas são agendadas por telefone e o proprietário recebe orientações sobre os cuidados a serem tomados com o cão no dia da consulta. “É necessário o jejum, por exemplo, para eventuais exames os quais o animal tenha que passar”, afirma.  Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1) Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata (Foto: Fernanda Testa/G1)  Foi exatamente a cor dos olhos da poodle Nara, de 8 anos, que chamou a atenção de seu tutor, o supervisor de segurança Rogério Portella Camargo, de Barretos (SP). Ele conta que a cadela foi diagnosticada com a doença aos três anos, mas que o alto custo da cirurgia em clínicas particulares o impedia de pagar pelo procedimento. Em 2011, no entanto, Camargo soube do trabalho desenvolvido no Hospital Veterinário e resolveu levar a cadela para uma consulta.  Do primeiro atendimento até a série de exames para verificar a possibilidade de realização da cirurgia – procedimento adotado pelo hospital em todos os animais – foram quase três anos. Em maio deste ano, Nara foi finalmente operada, e segue agora em processo de recuperação. “Ela está super alegre, enxergando tudo certinho. Até a gente fica mais feliz. Antes ela batia com a cabeça nos lugares, caía o tempo todo. Estamos tratando com cinco colírios diferentes, e no mês que vem iremos ao último retorno dela. Só tenho que agradecer à atenção e dedicação da equipe do hospital”, afirma.  Depois do procedimento, o animal ainda é acompanhado pelo hospital em consultas de rotina, para que seja verificada a evolução do paciente. “O mais importante é tomar cuidado com as atividades do animal neste período. É preciso atenção do tutor com os riscos de automutilação, uma vez que o animal pode ficar um pouco arredio com o uso do colar pós-cirúrgico no pescoço. O tratamento é feito com aplicação de colírios e medicação via oral.”  Por se tratar de um estudo, os custos da cirurgia chegam a cair de 70% a 80% para o tutor. “No hospital, o preço de uma cirurgia de catarata com a aplicação da lente acrílica nos dois olhos do cão varia de R$ 2,8 mil a R$ 3 mil. Os tutores dos animais incluídos na pesquisa vão gastar de 20% a 30% desse valor. É um custo baixo, visto que em clínicas particulares essa cirurgia custa, no mínimo, R$ 5 mil”, explica Lima, autor da pesquisa. Os interessados em procurar pelo serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário de Jaboticabal devem entram em contato com a unidade e agendar uma consulta pelo telefone (16) 3209-2626.  Fonte: G1
Os pesquisadores Tiago Barbário Lima (esq.) e Ivan Martinez consultam o cão Astor, de 9 anos, para diagnóstico de catarata 
Foi exatamente a cor dos olhos da poodle Nara, de 8 anos, que chamou a atenção de seu tutor, o supervisor de segurança Rogério Portella Camargo, de Barretos (SP). Ele conta que a cadela foi diagnosticada com a doença aos três anos, mas que o alto custo da cirurgia em clínicas particulares o impedia de pagar pelo procedimento. Em 2011, no entanto, Camargo soube do trabalho desenvolvido no Hospital Veterinário e resolveu levar a cadela para uma consulta.
Do primeiro atendimento até a série de exames para verificar a possibilidade de realização da cirurgia – procedimento adotado pelo hospital em todos os animais – foram quase três anos. Em maio deste ano, Nara foi finalmente operada, e segue agora em processo de recuperação. “Ela está super alegre, enxergando tudo certinho. Até a gente fica mais feliz. Antes ela batia com a cabeça nos lugares, caía o tempo todo. Estamos tratando com cinco colírios diferentes, e no mês que vem iremos ao último retorno dela. Só tenho que agradecer à atenção e dedicação da equipe do hospital”, afirma.
Depois do procedimento, o animal ainda é acompanhado pelo hospital em consultas de rotina, para que seja verificada a evolução do paciente. “O mais importante é tomar cuidado com as atividades do animal neste período. É preciso atenção do tutor com os riscos de automutilação, uma vez que o animal pode ficar um pouco arredio com o uso do colar pós-cirúrgico no pescoço. O tratamento é feito com aplicação de colírios e medicação via oral.”
Por se tratar de um estudo, os custos da cirurgia chegam a cair de 70% a 80% para o tutor. “No hospital, o preço de uma cirurgia de catarata com a aplicação da lente acrílica nos dois olhos do cão varia de R$ 2,8 mil a R$ 3 mil. Os tutores dos animais incluídos na pesquisa vão gastar de 20% a 30% desse valor. É um custo baixo, visto que em clínicas particulares essa cirurgia custa, no mínimo, R$ 5 mil”, explica Lima, autor da pesquisa.
Os interessados em procurar pelo serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário de Jaboticabal devem entram em contato com a unidade e agendar uma consulta pelo telefone (16) 3209-2626.
Fonte: G1

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