- Inicio >
- Ativista de direitos animais é condenada injustamente após realizar denúncia
Postado Por : Dom Ruiz
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
INVESTIGAÇÃO DE MAUS-TRATOS
Qual é a melhor maneira de se oprimir ativistas que realizam investigações secretas de crueldade animal e evitar suas ações? No caso dos Estados Unidos, as leis “ag gag” (“leis da mordaça”) funcionam muito bem nesse sentido. Mas quando se está em um estado que não promulgou uma lei desse tipo? Sem problemas. Um exemplo é o que foi feito em Colorado – condenaram uma ativista de direitos animais acusando-a do mesmo crime que ela descobriu e relatou à polícia. As informações são da Care2.
Isso é exatamente o que está acontecendo no condado de Weld, em Colorado. No dia 13 de novembro, a ONG Compassion Over Killing divulgou um vídeo com imagens terríveis, filmado secretamente pela ativista Taylor Radig. Radig passou três meses trabalhando na empresa Quanah Cattle Co. em Kersey, no Colorado, no meio do ano de 2013, para tentar documentar abusos. A Quanah atua no negócio de compra de bezerros recém nascidos em fazendas de laticínios, mantendo-os em “caixas de vitela” por uma semana ou mais e, em seguida, enviando-os para serem abatidos na indústria da carne de vitela ou para serem criados para o mercado de carne bovina convencional.
O que Radig testemunhou e tentou capturar no vídeo foi o tratamento inacreditavelmente desumano de bezerros de poucos dias de vida que eram movidos dentro e fora das instalações. O vídeo de Radig mostra funcionários da Quanah arrastando bezerros muito jovens pelas suas pernas para dentro e para fora de caminhões, puxando-os por suas orelhas, levantando-os do chão por suas caudas, chutando-os, jogando-os, batendo-os e lançando-os longe. Veja isso no vídeo da Compassion Over Killing:
“Se isso fosse um matadouro, o USDA deveria fechá-lo”, disse o Dr. Temple Grandin, especialista em manejo de bovinos, depois de analisar o vídeo da ONG. É uma prova convincente, que resultou em acusações contra três funcionários da Quanah dois dias depois da divulgação do vídeo.
No entanto, o delegado John Cooke, que já trabalhou por muitos anos na indústria de laticínios, não parou por aí. Apesar de cooperação de Radig em trazer esse abuso à atenção das autoridades locais, ela se viu condenada junto com os três funcionários da Quanah, acusada da mesma contravenção. Certamente alguém não ficou satisfeito por este trabalho secreto ter sido tão bem feito.
O que diz a lei anti-crueldade de Colorado
Uma revisão das seções da Lei anti-crueldade a animais de Colorado mostra que uma pessoa é culpada de crueldade “se ele ou ela, conscientemente, de forma imprudente ou por negligência: sobrecarrega, faz trabalhar excessivamente, atormenta, priva do sustento necessário, agride fisicamente, abandona, permite que o animal seja alojado de maneira que resulte em danos físicos graves, transporta em quaisquer veículos de maneira cruel ou imprudente, se envolve em um ato sexual com o animal, ou de qualquer outra forma maltrata ou negligencia, independente da espécie, raça e tipo”.
Segundo a reportagem, a lei também prevê imunidade a quem, de boa fé, denunciar suposta crueldade a animais às autoridades.
A delegacia do condado de Weld emitiu um press release em que dizia que o vídeo foi entregue às autoridades aproximadamente dois meses após terminar o contrato de trabalho de Radig na Quanah Cattle Company. Ou seja, julgaram que Radig falhou ao não ter denunciado o alegado abuso dos animais em tempo hábil, o que supõe que ela tenha agido com negligência e fundamenta a acusação de sua conivência com a crueldade aos animais.
O suporte para essa acusação vem de uma interpretação de uma seção da lei que fala sobre “maus-tratos”. Maus-tratos incluem “toda ação ou omissão que causa ou injustificadamente permite a continuação da dor e sofrimento desnecessários ou injustificáveis”.
Funcionário da Quanah Cattle Co. arrastando bezerro pela cauda.
Um possível motivo para acusar uma denunciante do mesmo crime que ela denuncia
A criação de gado é um grande negócio no Colorado. Há mais de 2,6 milhões de bovinos criados para consumo humano no estado, tornando a pecuária uma das principais indústrias do local.Isso significa que há uma explicação razoável para essa sucessão de eventos. O condado de Weld quer enviar uma mensagem para os investigadores de crueldade a animais: “Você e os seus modos de agitação dostatus quo não são bem-vindos aqui”. Colorado pode não ter uma lei “ag gag” para proibir o que Taylor Radig fez, mas as manobras das autoridades trataram de arrumar uma forma de acusá-la.
Erica Meier, diretora executiva da Compassion Over Killing, afirma que as acusações a Radig não são suportadas pela lei. Ela diz que isto é uma estratégia para desviar a atenção dos crimes cometidos pelos que realmente abusam de animais.
A Care2 criou uma petição a ser direcionada para o delegado do condado de Weld, John Cooke, manifestando a indignação pública quanto à prisão de Taylor Radig. Assine aqui .