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- Ativistas pedem o fim do uso na língua inglesa do pronome “it” para animais
Postado Por : Dom Ruiz
sábado, 6 de julho de 2013
Todos os que têm sensibilidade para com os direitos animais já notaram, quando tiveram as primeiras aulas do idioma inglês, que há algo estranho. Se evoluem no aprendizado e no contato com a língua, esse estranhamento só tende a aumentar.
Essa característica tão elementar da língua inglesa e que causa desconforto a quem considera os direitos animais e não tem uma visão especista está na regra sobre pronomes.
Em inglês, entre os pronomes pessoais que cumprem função de sujeito, a regra estabelece que “he” é o pronome utilizado para se dizer “ele”; “she”, para “ela”, e “it”, “para coisas ou animais”. E isso se estende a todos os tipos de pronomes (oblíquos, de posse, relativos) – o uso de pronomes para se referir a animais é sempre baseado nesta diferenciação.
” I – eu
You – tu, você
He – ele
She – ela
It – ele, ela (usado para coisas e animais)
We – nós
You – vós, vocês
They – eles, elas ”
You – tu, você
He – ele
She – ela
It – ele, ela (usado para coisas e animais)
We – nós
You – vós, vocês
They – eles, elas ”
O assunto já foi pauta de uma discussão levantada pelo PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) há alguns anos, e a Care2 relembrou e retomou o assunto, em momento pertinente.
Em 2007, Anna West, diretora de Comunicação do PETA, escreveu a Norm Goldstein, editor da Associated Press, pedindo que o jornal mudasse as regras gramáticas de seu Manual de Redação e Estilo de modo a considerar que animais não-humanos são seres vivos e não objetos inanimados.
Segundo informações em seu site, o PETA direcionou este apelo à Associated Press devido à representatividade da instituição como grande rede global de notícias, e por considerar este canal um grande formador de opinião.
A resposta da AP foi que o Manual já refletia esta mudança. No entanto, as diretrizes do jornal contidas no Manual diziam: “Não aplicar um pronome pessoal a um animal a menos que seu gênero tenha sido estabelecido ou que o animal tenha um nome”. Caso contrário, “it” seria o padrão.
Extrapolando esta regra, isso significa que um cão chamado Harry é “ele” (“he”), uma égua (fêmea de cavalo) é “ela” (“she”), e um peru selvagem é “it” (coisa).
Seres humanos são criaturas sencientes que pensam, sentem dor e alegria, e interagem com seu meio. Já está mais do que provado que os animais não-humanos não são diferentes de nós nessas características. Mas se nós também somos animais, então por que há animais que devem ser tratados como “it”?
Historicamente, animais não-humanos não têm valor sob a visão humana. Nós comemos estes animais, usamo-los, exploramos os mesmos para carregar fardos pesados, expulsamo-los de seus habitats sem consideração por seu bem-estar e usamos a sua reprodução em nome do dinheiro. Alguns conseguem se tornar animais domésticos, mas nem mesmo estes escapam de abuso e tortura nas mãos dos humanos. A atitude geral parece ser: se você não é humano, então você existe para servir às necessidades humanas. A reportagem da Care2 pergunta: “Será que alguém mais vê algo terrivelmente errado nesta concepção?”.Nota-se que a atitude predominante ainda é a de que animais não-humanos são menos importantes, têm menos valor para a sociedade e menos direito à vida e à felicidade, em comparação com os humanos. Isso precisa mudar, e a linguagem tem um papel importante na impulsão desta mudança.A reportagem lembra que não é somente o manual de estilo da Associated Press que confirma este viés. Quando se usa a correção gramatical comumente utilizada em programas de processamento de texto de computadores, a sentença “The dog who fell down hurt her paw” (Tradução: “A cachorra que machucou sua pata”), é corrigida para “The dog that fell down hurt its paw”. Ou seja, se quem escreve o texto se aventurar a escrever “who” e “her” como pronomes para se referir à cachorra, o corretor ortográfico lança os pronomes que designam animais como coisas: “that” e “its”.
Mas nós não somos – ou pelo menos não devemos ser – seres subordinados a programas de computador, e podemos “ignorar” esta correção sugerida.
Há um livro de Dave Pelzer que consta na lista do New York Times de livros mais vendidos e se chama: “Uma criança chamada ‘it’: coragem para sobreviver”. O livro conta um caso impensável de abuso infantil experenciado pelo autor quando criança por sua mãe sádica. O título por si só assustou os falantes e leitores da língua inglesa, recurso utilizado pelo autor com esse objetivo, pois chamar uma criança pelo pronome destinado a descrever um objeto inanimado pareceu inadequado. A razão é que uma criança é um humano jovem e não uma coisa. Uma mesa é uma coisa (“it”), assim como uma garrafa de café e um martelo. Mas usar o pronome “it” para criança é um contrassenso.
Assim também já deveria estar na hora de parecer inadequado, com toda a evolução de consciência que as sociedades humanas atuais têm dos animais não-humanos, o uso de “it” para eles (o trocadilho desta última sentença em que se escreve “eles” para os animais não é sem propósito; uma das coisas boas da Língua Portuguesa é que nós não temos este problema, e felizmente não existe um pronome equivalente a “it” em nosso idioma para se referir aos animais não-humanos).
Os animais não-humanos têm tantas habilidades, tanta complexidade de sentidos, que se torna cada vez mais gritante o ultraje cometido ao tratá-los por “it”, na mesma categoria de “coisas”. É tempo de se fazer esta mudança.
A linguagem é fluida e está sempre em evolução. É válido se fazer mudanças quando atitudes e tempos mudam. A Care2 lança a questão: “o que nós estamos esperando?”.
Há alguns anos, a Defense of Animal (IDA) fez uma campanha para mudar o termo “proprietário de animal” (“pet owner” / “dono”) para “guardião” (“pet guardian” / “tutor”). Isso não significa só mudar algumas regras, mas elevar a consciência sobre como a linguagem pode moldar atitudes. Uma vez que a consciência é desperta, a mudança ocorre.
O PETA tem uma divisão de educação chamada “Teach Kind”, cujo site ( http://www.teachkind.org/ ) contém um guia para escrever e falar, e que sugere esta mudança.
A ANDA adota esta linguagem desde a sua formação: em suas notícias e artigos, não se fala ou escreve “dono”, e sim “tutor”. Ao invés de “animais de estimação”, utiliza-se a expressão “animais domésticos”. Nas matérias publicadas na ANDA, a redação apresenta uma firme postura editorial em que a linguagem se refere aos animais sempre como seres de direito.
A Care2 resgatou o anterior pleito do PETA e criou uma petição para ser direcionada à Associated Press, pedindo que o seu Manual de Redação e Estilo mude as regras e deixe de usar o pronome “it” para se referir aos animais não-humanos sob quaisquer circunstâncias.
O Inglês é a língua mais falada no mundo, sendo o idioma oficial em 54 países, e o segunda idioma em aproximadamente 60 países, somando bilhões de falantes. Certamente esta linguagem que reserva o uso do pronome “it” aos animais deve ter contribuído muito para a perpetuação do comportamento especista que perdura no mundo até os dias de hoje, pois a língua influencia a cultura. Até hoje, tratar os animais não-humanos por “it” no idioma mais falado no mundo foi uma prática que pode ter reforçado muitos comportamentos negativos com relação a eles, comportamentos estes em que eles foram tratados como “coisas” pelos humanos. E a mudança dessa realidade, dado o dinamismo da língua que está sob o controle de quem a utiliza, depende somente de nós.
Ajude a espalhar ao mundo a importância das palavras, para que a substituição de “it” por “he” ou “she” se torne a norma. Nenhum animal não-humano deve ser mais tratado por “it”.
Tradução da carta enviada pelo PETA a Norm Goldstein, editor-chefe da Associated Press em 26 de Abril de 2007:
“ Prezado Sr. Goldstein:
Em nome dos mais de 1,6 milhões de membros e apoiadores do PETA em todo o mundo, estou escrevendo para pedir que o Sr. revise o Manual de Redação e Estilo do The Associated Press, de modo que suas regras gramaticais reflitam o fato de que os animais são seres vivos e não objetos inanimados. Em artigos de revistas, literatura popular, e campanhas publicitárias, redatores já estão usando ‘ele’, ‘ela’ e ‘quem’ para se referir aos animais não-humanos, ao invés do ultrapassado e inadequado ‘it’ e ‘isto’. O Sr. não considera fazer também esta transição?
Enquanto essencial rede global de notícias que é, a Associated Press deveria adotar um passo à frente e dar aos animais o respeito que eles merecem ao revisar as diretrizes a fim de que se usem pronomes pessoais para todos os animais. Enquanto o mundo acelera pelo Século XXI, ideias progressivas estão desafiando e mudando as perspectivas. Recentemente, o sistema legislativo americano reconheceu que animais não-humanos merecem status legal ao invés de serem considerados meras ‘propriedades’, e que o tratamento abusivo a estes animais é crime. O público agora reconhece que as baleias que cantam ao longo dos oceanos, os grandes macacos que compartilham mais de 98% do nosso DNA, as ovelhas que podem reconhecer aproximadamente 50 rostos após não tê-los visto por dois anos, e porcos e galinhas que aprendem a operar interruptores de modo a controlar o calor e a luz em ambientes de confinamento de fazendas e matadouros, são seres sencientes, inteligentes, e não objetos. A nossa linguagem deve refletir isso. Eu apreciaria muito ouvir sua decisão sobre este assunto. Segue em anexo uma cópia do Manual de Redação do PETA, que explica como evitar a linguagem que retrata animais sob ponto de vista negativo. Muito obrigada pelo seu tempo.
Enquanto essencial rede global de notícias que é, a Associated Press deveria adotar um passo à frente e dar aos animais o respeito que eles merecem ao revisar as diretrizes a fim de que se usem pronomes pessoais para todos os animais. Enquanto o mundo acelera pelo Século XXI, ideias progressivas estão desafiando e mudando as perspectivas. Recentemente, o sistema legislativo americano reconheceu que animais não-humanos merecem status legal ao invés de serem considerados meras ‘propriedades’, e que o tratamento abusivo a estes animais é crime. O público agora reconhece que as baleias que cantam ao longo dos oceanos, os grandes macacos que compartilham mais de 98% do nosso DNA, as ovelhas que podem reconhecer aproximadamente 50 rostos após não tê-los visto por dois anos, e porcos e galinhas que aprendem a operar interruptores de modo a controlar o calor e a luz em ambientes de confinamento de fazendas e matadouros, são seres sencientes, inteligentes, e não objetos. A nossa linguagem deve refletir isso. Eu apreciaria muito ouvir sua decisão sobre este assunto. Segue em anexo uma cópia do Manual de Redação do PETA, que explica como evitar a linguagem que retrata animais sob ponto de vista negativo. Muito obrigada pelo seu tempo.
Grata,
Anna West – Diretora de Comunicação ”
Isto seria para todos os animais? Digo isto pois acho estranho defenderem os direitos dos animais pensando em cachorrinhos e gatinhos, mas não terem o mesmo sentimento por cobras, lagartos e ratos.
ResponderExcluirPoisé, isso não faria sentido.. Teria que ser para todos os animais..
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